Segundo a Associação de Moradores de Loteamento, o Brasil possui cerca de 450 mil condomínios em todo o território nacional. Esse mercado movimenta anualmente em torno de R$ 164 bilhões. Assim como toda atividade econômica, o ambiente construído traz impactos ambientais. Contudo, o diretor de inteligência comercial da Lello Condomínios, Audrey Ponzoni, avaliou que eles podem ser mitigados na concepção do projeto, com vistas à operação do empreendimento.
Em sua participação no BW Talks Condomínios Sustentáveis, promovido no dia 2 de dezembro, ele apresentou o LelloLab, programa de inovação criado há três anos, com o objetivo de pensar nas cidades do futuro e de avaliar qual o impacto que esses empreendimentos geram nos municípios. “Estamos acelerando doze startups, relacionadas ao dia a dia do condomínio”, pontuou.
Um dos projetos do Lellolab que está em curso é o Tesouros do Bairro, que começou com um encontro em praças e se tornou um mapa digital de makers de toda a cidade de São Paulo, ou seja, o programa conecta demandas e ofertas de serviços entre vizinhos, que podem compartilhar suas habilidades e seu trabalho, em um clima harmônico. Segundo Ponzoni, empreendimentos em uso, prontos ou que serão entregues podem implantar essa “rede social” entre vizinhos.
Já o projeto Papel Zero eliminou a impressão de boletos e o envio em papel de prestações de contas e outros documentos para os empreendimentos. “Isso deu mais transparência e agilidade no processo”, disse Ponzoni, que acrescentou que essa iniciativa também contribuiu para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, uma vez que não há mais a necessidade de transporte desses papéis a diversos locais de São Paulo. Nesse quesito, a Lello está estudando outras ações, especialmente, em empreendimentos comerciais. Ponzoni adiantou ainda que a empresa está trabalhando em uma matriz para avaliar a ecoeficiência dos edifícios.
Durante o evento online do Movimento BW, iniciativa da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), o diretor de inteligência comercial da administradora ainda comentou sobre as ações para racionalizar o uso de recursos naturais. No caso da água, há um programa para reduzir o desperdício e eliminar vazamentos; e na geração de lixo, duas startups estão sendo aceleradas para a melhoria da coletiva seletiva e destinação dos resíduos condominiais.
Em termos de energia, a Lello decidiu investir na geração compartilhada e geração distribuída, a fim de contribuir com a transição para uma matriz energética mais limpa e sustentável e garantir menores custos nessa área. “O condomínio se torna um prosumidor (produtor e consumidor de energia”), destacou Ponzoni. Por meio da modalidade de geração distribuída, o consumidor tem a oportunidade de utilizar a energia solar – gerada nas fazendas solares – sem a necessidade de instalações ou manutenções de equipamentos. Para isso, o condomínio deve aderir a um consórcio, cuja adesão é feita por empresas especializadas na geração e gestão energética.
Ponzoni mostrou que os condomínios com potencial de adesão são aqueles com faturas médias a partir de R$ 1800,00 e/ou consumo médio acima de 2 mil kwh/mês, cadastrados na categoria de baixa tensão – grupo B. A ideia, segundo ele, é criar consórcios exclusivos de condomínios. “Entre 150 e 200 condomínios e/ou loteamentos podem formar um consórcio de até 5 MWH”.
Contudo, Ponzoni alertou que o condomínio não deixará de ter a conta da concessionária, porque dificilmente esse tipo de modalidade atende 100% da energia necessária para operação predial. A estimativa conservadora da redução da conta de energia é de até 20% por mês. Para ele, além da energia fotovoltaica, o biogás pode ser uma alternativa.