Celo cria tokens para reserva florestal e promove reflorestamento de biomas tropicais
São Paulo, novembro de 2021 – Durante as discussões da COP-26 em Glasgow, o presidente da Celo Foundation, Rene Reinsberg, comentou sobre o impacto das criptomoedas nas mudanças climáticas, principalmente após dados alarmantes serem divulgados no último relatório do IPCC. Se o nível de emissões de carbono se mantiver nos níveis atuais, a temperatura do planeta deverá subir aproximadamente 6C até 2100. Hoje, 40% da energia consumida por fazendas de mineração de criptomoedas ainda utilizam carvão em sua origem.
Aproximadamente 80% de Bitcoins e outras criptomoedas são mineradas na China. Isso tem sido um grande desafio para que o país possa atingir a meta de se tornar carbono neutro até 2060.
De acordo com a revista Nature, se o consumo energético continuar nesse ritmo a China deve gerar 130,4 milhões de toneladas de CO2 até 2024. Emissões semelhantes a países como Itália e Arabia Saudita. Em 2020, segundo um relatório da Bloomberg, as criptomoedas consumiram cerca de 67 terawatts de energia e, para 2021, a projeção é um consumo de 97 terawatts. Consumo semelhante a países como Paquistão, que tem 221 milhões de habitantes.
A crítica em torno das criptomoedas se deve, em parte, pela energia desperdiçada durante o processo de validação de transações. Para validar uma operação é necessário um grande esforço computacional relativo a à criptografia do blockchain atrelado. No entanto, apesar de muitos computadores participarem da solução da criptografia da operação,apenas um é remunerado pela solução do problema.
“A Celo não é somente um blockchain proof of stake (que independe da dinâmica de ineficiência energética descrita) e carbon negative, mas uma comunidade que impulsiona em mais de 120 países uma lógica econômica e organizacional que incentiva — inclusive financeiramente — o desenvolvimento de soluções para a crise climática. Não existe qualquer outro protocolo lastreado na preservação da vida humana e fomento às comunidades locais e ao meio ambiente. É mais do que um storytelling bacana: é uma revolução verde em sentido econômico, tecnológico e social. ”, comenta Camila Rioja, Head da cLabs no Brasil.
Climative Collective: organizações blockchain contra as mudanças climáticas
Em junho deste ano a XPRIZE, fundação do bilionário Elon Musk, abriu o desafio de $100 milhões para neutralizar a emissão de carbono em 10 mil toneladas ao ano até 2050 – e a comunidade de Celo entrou nessa jornada. Para alcançar a meta, organizações de blockchain se uniram e criaram o Climate Collective, um esforço para combater as mudanças climáticas com a tokenização das florestas tropicais e outros recursos importantes para a eliminação de CO2 da atmosfera.
O coletivo contou com dez empresas no lançamento, incluindo Curve Labs, Kolektivo, Moss e Regen Network, e propõe que, nos próximos 4 anos, essas árvores tokenizadas sejam adicionadas à Reserva Celo. O coletivo também defende que o sequestro de carbono e a consequente redução dos gases de efeito estufa são os caminhos mais rápidos para alcançar a meta do IPCC de remover 10 gigatoneladas de CO2 por ano até 2050, a fim de evitar que as temperaturas aumentem 2C.
A iniciativa foi inspirada no conceito de Capital Natural de Charles Eisenstein em “Sacred Economics” – Economia Sagrada, em tradução livre – que faz referência à mudança do padrão ouro no lastro do valor das moedas para um sistema baseado em confiança, conhecido como padrão Fiat. Apesar de não ser viável voltar ao padrão ouro, já é possível criar tokens e atribuir valor a recursos que atendam às necessidades sociais, como a preservação de florestas.
Através das moedas de capital natural, que determinam valor na preservação de recursos naturais, é possível gerar benefícios ao meio ambiente. A adesão dessas moedas pode ser uma solução mais eficiente do que a doação de dinheiro direto, ao passo que quanto mais a demanda pelas moedas de capital natural aumenta, mais o sistema se expande e financia o plantio de novas árvores e recursos naturais.
Os membros do coletivo trabalham em projetos de compensação de carbono em países como Brasil, Serra Leoa, Malaui, Indonésia e Panamá, visando a redução do desmatamento e a proteção de florestas. O Acre, por exemplo, tem 90% de seu território coberto por florestas, mas, devido às atuais taxas de desmatamento, esse total pode cair para 35% até 2030. O envolvimento da comunidade visa prevenir o desmatamento em mais de 100.000 hectares de floresta tropical intocada na bacia amazônica e proteger alguns dos habitats de maior biodiversidade do mundo.