Implementar energias renováveis é sem dúvida o grande desafio da indústria. O contexto de emergência climática pelo qual estamos passando tem sido o centro das discussões de diversos especialistas, cientistas e líderes em, ouso dizer, quase todos os setores. Esta é a “década da ação” que marca os dez anos de ações concretas a fim de atingirmos as metas estipuladas globalmente de redução de emissões de efeito estufa.
Devido à sua larga escala, o setor industrial tem uma responsabilidade enorme para com essa agenda e deve, mais do que minimizar seus impactos negativos, liderar a mudança de práticas trazendo a sustentabilidade para o centro do negócio.
Uma das principais formas de emissão de carbono na indústria é pelo uso de energia de fontes não renováveis que, além de emitirem poluentes, são finitas e precisarão ser substituídas em algum momento, podendo gerar custos ainda mais altos futuramente.
Por que investir em energias renováveis?
O último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática) apontou que a intensidade de carbono do setor industrial e da queima de combustíveis fósseis teve uma queda de 0,3% por ano na última década, redução que precisaria ter sido 25 vezes maior para que seja possível atingirmos a meta de limitar o aquecimento global em 1,5ºC até 2100, estipulada pelo Acordo de Paris.
Quando falamos da indústria de bebidas, temos uma cadeia de produção complexa e com uma pegada de carbono diversificada, que abrange desde a agricultura, a produção, o transporte de matérias-primas e mercadorias, na refrigeração de bebidas e, por fim, nas embalagens e sua respectiva destinação. Um primeiro grande movimento da indústria foi a transição para fontes renováveis de energia, iniciando dentro de suas próprias operações, o que chamamos escopo 1.
Atualmente, o mercado já conta com uma série de opções de fontes renováveis de energia, divididas em térmicas como a biomassa, já bastante difundida, e o biometano que tem futuro promissor, e, elétricas – provenientes de fontes solares e eólicas em sua maioria, além das pequenas usinas hidrelétricas.
A adoção dessas fontes alternativas ao petróleo, carvão, gás mineral e nuclear, que não são renováveis, tem crescido exponencialmente no Brasil, mas ainda enfrentam alguns desafios e exigem cuidados para que seja possível garantir que o impacto causado pelo seu uso é seja realmente menor. Um exemplo disso é a origem da biomassa utilizada em caldeiras de geração de energia térmica.
Qual é a meta da empresa?
No Grupo HEINEKEN, temos a meta de utilizar 100% de energias renováveis em todas as nossas unidades produtivas e, para isso, 6 de nossas 14 unidades já utilizam caldeiras de biomassa, que têm o cavaco de madeira como insumo. No entanto, é preciso levar em consideração a disponibilização desse recurso em cada região onde atuamos, pois ele deve ser originário de floresta plantada e certificada.
Outro exemplo do que temos feito foi a inauguração, em 2019, de um parque eólico no Ceará, que foi a primeira instalação de energia eólica de uma cervejaria no Brasil e o maior da companhia em todo o mundo. Com 14 aerogeradores instalados e capacidade para produzir 112.000 MW/h, representa 30% de toda a energia elétrica consumida pelas 14 unidades produtivas brasileiras e 5,5% do consumo do Grupo HEINEKEN no mundo (segundo dados de consumo de 2017).
A nossa produção também considera também o Sol como fonte de energia. O volume necessário para produzir 100 litros de SOL, marca que lidera esse movimento dentro de nossa companhia, é de 8.25 MWh e fazemos isso por meio da compra de energia certificada. Com essas fontes, em 2021, nós atingimos a meta de consumir 48% de energia renovável elétrica e 65% de energia renovável térmica.
Hoje, 100% do volume de cerveja produzido nas unidades de Alagoinhas (BA), Ponta Grossa (PR) e Araraquara (SP) já é renovável.
Olhando para a área logística, a emissão de carbono se dá muito por meio do uso de veículos à combustão. Empilhadeiras, utilizadas nas áreas de armazenamento, e caminhões que cuidam da distribuição dos produtos do Grupo HEINEKEN estão, aos poucos, sendo substituídos por versões elétricas, além de estarmos buscando por cada vez mais eficiência nesses processos, reduzindo o consumo total de energia.
Ainda dentro de nossa cadeia, mas já fora dos nossos muros, os pontos de venda e os consumidores representam uma parte importante de todo esse processo e, com soluções como a de geração distribuída disponíveis no mercado brasileiro, também já é possível que nós, enquanto produtores de cerveja, sejamos viabilizadores de energia renovável para estes atores.
Por meio da marca Heineken®, que tem o Brasil como seu principal mercado no mundo se comprometeu dentre as suas metas de sustentabilidade a levar energia renovável para 50% dos seus clientes até 2030 em todo mercado nacional.
Operação e expansão
O projeto é operacionalizado em parceria com geradores regionais e começou por Florianópolis (SC), Curitiba (PR), Cuiabá (MT) e Belo Horizonte (MG). Este ano, já estamos expandindo para outros 15 estados. Entre eles: Alagoas, Bahia, Ceará.
A cobertura nacional acontecerá até 2024. Um processo simples para dar continuidade à nossa jornada na construção de um mundo mais verde, diminuindo o impacto ambiental e fomentando o mercado de geração distribuída de energia sustentável.
Produzir cervejas com energia renovável é um compromisso que assumimos enquanto Grupo HEINEKEN com a sustentabilidade e com a inovação e esses são alguns exemplos do que é possível fazer na indústria de bebidas para acelerar a agenda de controle das mudanças climáticas. As soluções não são óbvias, são sistêmicas e devem vir acompanhadas de métricas e indicadores para que possamos acompanhar a evolução, identificar pontos de melhoria e tomar decisões mais assertivas.
Ainda que haja muito a ser feito, a troca de boas práticas, o investimento e, principalmente, a mudança na forma de gerir e fazer negócio precisa acontecer agora. Assumir compromissos publicamente, atitude que exige coragem e, principalmente, ação por parte das organizações, também é uma forma de garantir que este será um caminho sem volta. A sustentabilidade deve ser pensada de forma transversal por toda a companhia e considerada e toda e qualquer decisão, em todas as áreas. Só assim conseguiremos tornar, não apenas os nossos negócios mais perenes e financeiramente sustentáveis, como o nosso planeta também.