A Green Eletron, entidade sem fins lucrativos e maior gestora de logística reversa de eletroeletrônicos e pilhas do país, acaba de divulgar a segunda edição da pesquisa “Resíduos Eletrônicos no Brasil – 2023”, conduzida pela Radar Pesquisas. Grande parte dos entrevistados (88%) diz já ter ouvido falar sobre o tema, mas 34% ainda associam o termo a “spam”, o que mostra que há grande confusão sobre resíduo “eletrônico” (ou e-lixo) e “digital”. Dos entrevistados que já fizeram o descarte correto, cerca de 10% só o fizeram uma vez na vida.
Pilhas e baterias são os itens mais descartados pelos entrevistados, quase 6 em cada 10 (59%). Outro dado da pesquisa aponta que somente um quarto (25%) sabe que todos os eletroeletrônicos podem ser reciclados. Por isso, a conscientização ambiental é fundamental, já que qualquer aparelho pode ser reaproveitado e os insumos recuperados têm a mesma qualidade daqueles extraídos da natureza, o que torna o processo extremamente vantajoso para o meio ambiente.
Mais um dado que chama atenção é sobre as pessoas não acreditarem que são responsáveis por garantir o encaminhamento correto de produtos eletroeletrônicos, mesmo o PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) definindo que a responsabilidade é compartilhada, inclusive dos consumidores, já que não existiria logística reversa sem a entrega dos itens para a reciclagem.
A pesquisa online foi respondida por mais de 2,6 mil pessoas, entre os dias 10 de maio e 13 de junho de 2023. O público-alvo contempla homens e mulheres de 18 a 65 anos das classes A, B e C, segundo o Critério Brasil da ABEP, em 21 estados e o Distrito Federal. Todos os dados podem ser acessados aqui.
Descarte correto: Pontos de Entrega Voluntária (PEVs)
Cerca de oito em cada 10 entrevistados (85%) guardam algum tipo de lixo eletrônico em casa e, desses, os que o fazem há mais de um ano somam 40% (10% a mais que em 2021). Muita gente ainda descarta os itens junto com o lixo reciclável, somando 25%, o que não é recomendado, pois a coleta seletiva tradicional não está preparada para manusear os produtos com segurança. Vale destacar que a taxa de quem nunca ouviu falar nos coletores teve um leve recuo nesta edição, 29% (33% em 2021).
Nesse caso, o ideal é levar a um Ponto de Entrega Voluntária (PEV) específico para esta finalidade. A Green Eletron tem milhares de coletores espalhados no país, para facilitar o acesso da população, garantindo que os equipamentos entregues (que podem ser eletroeletrônicos pequenos e médios como celulares, computadores, secadores de cabelo, controles-remoto, acessórios como cabos e fones, panelas elétricas, entre outros e, ainda, pilhas e baterias) sejam efetivamente reciclados e retornem ao ciclo produtivo, causando impactos sociais e ambientais positivos.
Quando o estudo questionou se os participantes já levaram algum item para um local adequado, pessoas com idades entre 26 e 45 anos são as que mais fizeram isso, com 74%, seguidos da faixa etária de 46 a 65, 71%. Entre as classes sociais, as mais altas também se destacam nesta questão (78% classe A e 76% classe B).
Conscientização e união de forças
“O que vemos na pesquisa da Green Eletron confirma que a mobilização da sociedade para a reciclagem dos resíduos eletrônicos ainda precisa ser incentivada, seja por empresas, entidades, poder público ou instituições de ensino. Com o objetivo de ampliar a educação ambiental dentro do tema, a Green Eletron mantém, desde 2020, o movimento Eletrônico Não é Lixo, que leva dicas e informações para o público em diferentes canais, como redes sociais e blog”, afirma Ademir Brescansin, gerente executivo da entidade.
Segundo ele, neste setor e quando falamos em todo tipo de reciclagem, é importante que haja esforço conjunto, pois o caminho ainda é longo. “Há um abismo entre o que produzimos e o que reciclamos, infelizmente. Por isso é tão importante debater o assunto e educar a população sobre o tema, ao mesmo tempo em que o mercado também cumpre o seu papel, fazendo a coleta e a destinação adequada. Isso pode acontecer coletivamente, como no caso da Green Eletron com as suas associadas, ou individualmente, quando as marcas constroem seus próprios sistemas de logística reversa”, afirma Brescansin.
O problema é global e o Brasil é um dos líderes na geração de e-lixo
No mundo, o resíduo eletrônico é um grande desafio. De acordo com estimativas do “The Global E-waste Monitor 2020: Quantities, flows and the circular economy potential“, documento do Instituto das Nações Unidas para Treinamento e Pesquisa (Unitar), em 2019, o mundo gerou 53,6 milhões de toneladas. Desse total, apenas 9,3 milhões de toneladas foram coletadas e recicladas, o que representa 17,4% de todo montante descartado e o Brasil é o líder em geração na América do Sul, estando entre os cinco primeiros do mundo nesta lista.