Apesar da maioria dos brasileiros reconhecerem a importância da preservação das terras indígenas e da necessidade de políticas públicas que atendam essa população, uma parcela dos brasileiros ainda acredita em ideias estereotipadas e preconceituosas sobre esses povos. É o que aponta os dados da pesquisa feita com foco no Dia dos Povos Indígenas, celebrado em 19 de abril.
O levantamento do Instituto Locomotiva e QuestionPro mostra que, apesar de 69% discordarem, um em cada cinco brasileiros acredita em algum nível que os povos indígenas não são civilizados.
Homens e moradores do Norte e Centro-Oeste são os grupos com a maior percepção que os povos indígenas não são civilizados. Apesar de 67% dos brasileiros discordarem, um em cada cinco concorda em algum nível que quando se utiliza recursos tecnológicos ou roupas, uma pessoa deixa de ser indígena. Novamente, homens e moradores do Norte e Centro-Oeste são os grupos com essa maior percepção.
Segundo Rachel Rua, gerente de Pesquisa Qualitativa do Instituto Locomotiva e diretora da iO Diversidade, os dados apontam para pontos interessantes e contraditórios sobre a percepção dos brasileiros a respeito dos povos indígenas.
“A maioria reconhece o passado e o presente de desassistência dessa população e a necessidade de políticas públicas específicas para atender suas necessidades. Também enxerga nela papel ativo em pautas relevantes atualmente, como a do meio ambiente. Mas, ao mesmo tempo que temos esse olhar majoritário que coloca os povos indígenas no contexto contemporâneo, temos uma parcela importante que continua agarrada a uma percepção estereotipada, buscando um indígena que nunca existiu, a não ser no imaginário discriminatório, do indígena incivilizado ou do aculturado por usar roupa ‘de branco’ ou tecnologia”, explica.
Mudança de nome
Antes chamado de Dia do Índio, o nome da data foi alterado para Dia dos Povos Indígenas em 2022. Para oito em cada 10 brasileiros a mudança do nome da data foi importante, e para 72% ela faz diferença.
Entre mulheres e jovens há maior percepção de que a mudança é importante e faz diferença. A pesquisa quantitativa conta com 1.511 entrevistas com homens e mulheres realizadas pelo Brasil, de 12 a 25 de março. A margem de erro é de 2,5p.p.