A Stratura inovou ao desenvolver um tipo de asfalto que tem, entre seus componentes, o plástico reciclado. Criado no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento na empresa em Paulínia (SP), o Greenflex foi desenvolvido a pedido da concessionária Eixo SP, que administra a Rodovia Washington Luís.
De acordo com a especialista em Pavimentação da Stratura, Larissa Montagner, o projeto durou mais de um ano. “A concessionária precisava de um ligante que resistisse à deformação permanente, porque a rodovia tem um alto volume de tráfego, e que fosse ao mesmo tempo sustentável, algo fora do convencional. Assim, surgiu a ideia de usarmos o plástico reciclado, que é o plástico flexível que a gente tem em casa, usado em saquinhos de arroz e feijão. O material reciclado saiu das nossas casas e foi parar na rodovia!”, contou Larissa.
Para o trecho de 1 quilômetro de rodovia, foram utilizados 450 quilos de plástico reciclado em 30 toneladas de asfalto, o equivalente a 200 mil unidades de embalagens recicladas. A adoção do material correspondeu à redução de 900 kg de gases do efeito estufa e de 450 litros de petróleo, que teriam sido usados com o polímero convencional.
De acordo com a especialista, o ligante asfáltico desenvolvido, depois de pronto, foi testado no centro de pesquisa da Stratura, que possui um dos mais modernos parques da América Latina para análise de ligantes e misturas asfálticas. “Foram realizadas todas as análises de desempenho, tanto no ligante asfáltico como na mistura asfáltica, utilizando a metodologia nacional e a americana. Em todas as análises nas misturas asfálticas, a mistura com o ligante com plástico obteve um desempenho superior ao da mistura com o CAP convencional. No caso da deformação permanente, chegou inclusive a ser melhor do que um modificado por SBS (tipo de polímero)”.
Destaque para a reciclagem
Gerente de Operações e Tecnologia da Stratura, Emerson Maciel explicou que o asfalto é um material que pode ser rejuvenescido e reciclado várias vezes. “Com este produto, mostramos que vale a pena, sim, fazer reciclagem. Por trás deste trabalho existem cooperativas que fazem a coleta destes materiais e que vão dar um destino para os resíduos beneficiando toda a sociedade”, comentou.
De acordo com dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT), o modal rodoviário é responsável pelo transporte de 95% das pessoas e de 65% do transporte de cargas. “O desenvolvimento do país passa pelas nossas rodovias. Se conseguirmos melhorar o custo utilizando materiais recicláveis, o benefício será revertido para toda sociedade. Vamos gastar bem menos fazendo algo sustentável”, afirmou.
Larissa chama a atenção para a questão da coleta. “É importante conscientizar a população, porque quanto mais limpo e separado está o lixo reciclado, maior será o reaproveitamento desse material. Se o plástico estiver misturado com o lixo orgânico, fica mais custoso fazer a separação e o reaproveitamento é menor. Todo o lixo reciclado tem seu destino, e as cooperativas conseguem reaproveitar tudo”, concluiu.