Segundo levantamento do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas, em 2012, 480 mulheres viviam nas ruas da capital paulista. Em 2021, esse número chegou a 4.934, o que representou 13,3% do total de pessoas em situação de rua no município naquele ano.
De acordo com relatório da Comissão Arns de Defesa dos Direitos Humanos, as mulheres são vítimas de 40% dos casos de violência grave nas ruas. É por isso, que uma prática comum entre elas é se organizar em grupos. Além da questão da segurança da própria vida, as mulheres ainda enfrentam dificuldades relacionadas:
- à falta de acesso à higiene menstrual básica
- local seguro para deixar os filhos
- Trabalho
“A vulnerabilidade social impacta diretamente a saúde mental, segurança e qualidade de vida das mulheres em situação de rua ou em contextos de precariedade. A ausência de redes de apoio e a dificuldade de acesso a políticas públicas agravam essa realidade, aumentando os riscos de violência, adoecimento e exclusão social”, afirma Maria Luísa Ohl, psicóloga da ONG SP Invisível.
Sobre a ONG SP Invisível
Criada em 2014, a SP Invisível é uma organização da sociedade civil que trabalha para transformar a realidade da população de rua a partir das histórias de cada esquina de São Paulo. O cuidado está presente em nossos três pilares de atuação:
- conscientização sobre a realidade da população em situação de rua;
- assistencialismo para combater o frio e a fome;
- assistência social para viabilizar a inclusão produtiva através da nossa iniciativa de capacitação e empregabilidade.
“Nós ouvimos as pessoas em situação de rua, contamos suas histórias e promovemos autonomia para que novas realidades sejam possíveis”.
A SP Invisível atua para empoderar indivíduos em situação de rua e emancipá-los da pobreza, desenvolve ações específicas para o acolhimento e escuta de mulheres. O time de assistência social e psicológica da ONG auxilia no atendimento das necessidades dessas mulheres e viabiliza o acesso delas a políticas públicas. A ONG oferece ainda capacitação profissional em gastronomia e as conecta com o mercado de trabalho.
Para Maria Luisa, psicóloga da ONG, a discussão sobre redes de apoio e políticas públicas é fundamental para garantir a inclusão e o bem-estar das mulheres em situação de vulnerabilidade. “No entanto, barreiras como burocracia, desinformação e estigmatização dificultam esse acesso. Assim, torna-se necessário um debate que analise esses desafios e proponha soluções viáveis, como políticas de assistência e de saúde”, diz.
Oportunidades e capacitação profissional
Uma iniciativa importante da SP Invisível para auxiliar na conquista de autonomia financeira e social e resgate da autoestima das pessoas em situação de rua em São Paulo é o curso de gastronomia. Após a capacitação de dois meses, a ONG encaminha os formandos para trabalhar em restaurantes. Desde 2023, 78 pessoas já concluíram o curso.
O curso de gastronomia é voltado para pessoas que vivem em centros de acolhida na cidade de São Paulo e que demonstram interesse em se capacitar na área de gastronomia e ingressar no mercado de trabalho formal. Após triagem realizada por psicólogos e assistentes sociais da SP Invisível, os educandos iniciam o curso de dez semanas de duração na Universidade Anhembi Morumbi. Para concluir a capacitação, os estudantes precisam ser aprovados no TCC, que consiste no preparo de um prato gastronômico a ser avaliado por uma banca de especialistas
A metodologia da Jornada foi criada pela ONG SP Invisível com auxílio da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “Nossa metodologia une inclusão produtiva e gastronomia como ferramentas de transformação. Por meio da triagem, formação e acompanhamento de empregabilidade, capacitamos pessoas em situação de rua para que conquistem sua autonomia. Mais do que ensinar técnicas culinárias, promovemos a culinária sustentável e o reaproveitamento de ingredientes, criando oportunidades reais para uma nova trajetória no mercado de trabalho”, afirma Thaís Tambosi, Gerente Geral da SP Invisível.