No dia 24 de julho, a revista científica Nature publicou um estudo de autoria da equipe da qual o professor Alex Enrich Prast, do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (IMar/ Unifesp) – Campus Baixada Santista, faz parte, desenvolvido em parceria com os pesquisadores Vincent Gauci e David Bastviken das Universidades de Birmingham (Reino Unido) e de Linkoping (Suécia), respectivamente. Intitulado “As árvores tropicais revelam uma surpresa climática – seus troncos removem o metano da atmosfera”, o estudo revela descobertas sobre o papel das árvores tropicais no contexto das mudanças climáticas, especificamente na remoção do metano, um dos mais potentes gases de efeito estufa.
O estudo teve como principal objetivo investigar o papel das árvores na dinâmica do metano atmosférico. Tradicionalmente, o foco das pesquisas estava nas folhas e raízes das árvores; diferentemente, esta pesquisa direcionou a atenção para os troncos. A hipótese inicial era que os troncos das árvores poderiam ter um papel significativo na absorção de metano, similar ao que ocorre em solos tropicais, que são conhecidos por serem grandes sumidouros de metano.
A pesquisa envolveu a análise de amostras de troncos de árvores de diversas espécies e regiões geográficas. A metodologia incluiu a medição da concentração de metano na superfície da casca e em seu entorno imediato, além da utilização de técnicas de espectrometria de massa para quantificar a absorção do gás.
Os resultados demonstraram que os troncos das árvores possuem uma capacidade significativa de remover metano da atmosfera. As medições indicaram que, em certas espécies, seus troncos podem ser responsáveis pela remoção de até 30% do metano que passa por elas. Essa descoberta é particularmente relevante para florestas tropicais, onde a densidade e a diversidade de árvores são maiores.
Importância Científica
A publicação deste estudo na revista Nature destaca a importância da descoberta enquanto abre novas frentes de pesquisa sobre a interação entre a biosfera e a atmosfera. O metano é um dos gases de efeito estufa mais potentes, com um potencial de aquecimento global mais de 25 vezes maior que o dióxido de carbono em um período de 100 anos. Assim, compreender os mecanismos naturais que contribuem para sua remoção é importante para o desenvolvimento de estratégias eficazes de mitigação das mudanças climáticas.
O professor Alex Prast destaca que “a descoberta de que os troncos das árvores podem remover metano da atmosfera altera nossa compreensão sobre o papel das florestas no ciclo global do carbono. Essa função adicional das árvores pode ser um componente chave nos modelos climáticos futuros”.
Implicações para Políticas Ambientais
A pesquisa sugere que a inclusão da função de remoção de metano pelas árvores em políticas de conservação e reflorestamento pode aumentar a eficácia dessas iniciativas. Além disso, o estudo indica que a proteção e o manejo sustentável das florestas existentes são ainda mais importantes do que se pensava anteriormente.
A necessidade de novas abordagens para o monitoramento do metano em ecossistemas florestais também é evidenciada pela pesquisa. Ferramentas e tecnologias mais avançadas serão necessárias para medir com precisão a contribuição das árvores na remoção de metano, o que pode levar a uma melhor modelagem climática e previsões mais acuradas.
Os próximos passos para a equipe de pesquisa incluem o aprofundamento deste estudo para mais regiões e espécies de árvores. A investigação de como fatores como idade da árvore, espessura do tronco e condições ambientais afetam a capacidade de remoção de metano será fundamental para uma compreensão mais completa deste processo.
Além disso, colaborações com outras instituições de pesquisa e a aplicação de novas tecnologias, como sensores remotos e inteligência artificial, serão essenciais para avançar no entendimento do papel das árvores no ciclo do metano.
A descoberta de que o tronco das árvores tropicais desempenha um papel crítico na remoção de metano abre novas possibilidades para a mitigação das mudanças climáticas e reforça a importância da conservação florestal.