A reunião do Comitê Intergovernamental de Negociações para finalizar um acordo internacional, definindo normas claras para enfrentar a crise global da poluição causada pelos plásticos, foi suspensa nesta sexta-feira (15). Mais uma vez, a criação de um urgente Tratado Global sobre Plásticos foi postergada.
“Enfrentar a poluição por plástico no mundo significa confrontar a indústria dos combustíveis fósseis. Não à toa, os maiores produtores de petróleo foram justamente os que travaram essa nova rodada de negociações pelo fim da poluição plástica”, explica a coordenadora da frente de Oceanos do Greenpeace Brasil, Mariana Andrade.
O Brasil chegou à reunião com visibilidade internacional, por ser país-sede da COP30 e um dos mais representativos em biodiversidade global. No entanto, a posição brasileira se distanciou de propostas mais ousadas, como o banimento de certos plásticos, e passou a defender uma abordagem “balanceada”, atrelando ações a financiamentos. Também foi cofacilitador em discussões complexas sobre saúde humana, mas não impulsionou a redução da produção de plástico.
“O Brasil, anfitrião da COP30, não apoiou provisões fundamentais do texto, especialmente no que diz respeito à redução da produção de plásticos e à regulação de químicos problemáticos. Mesmo tendo apoiado a inclusão de um artigo específico sobre saúde, o país perdeu a oportunidade de liderar pelo exemplo e enviar um recado firme à comunidade internacional. Como o país pretende presidir negociações climáticas relevantes sem sustentar uma posição firme diante da causa dessa crise? Essa não é uma conversa diferente da que precisamos ter na COP30”, afirma Andrade.
As novas negociações sobre um Tratado Global sobre Plásticos ainda estão sem data e local para acontecerem.
A “novela” pelo fim dos plásticos
As negociações para um acordo global sobre poluição plástica acontecem desde 2022 e respondem a um chamado por regulações e soluções integradas para este problema.
O Greenpeace permanece comprometido com um futuro livre de plásticos com um tratado ambicioso e justo e reforça a importância dos países avançarem em uma decisão com urgência e baseada em ciência e responsabilidade.
Por que precisamos de um Tratado Global
Um tratado forte poderia gerar mudanças concretas em todo o ciclo de vida do plástico, incluindo:
- Redução da fabricação de plásticos virgens;
- Escolha de materiais mais seguros e recicláveis;
- Implementação de sistemas eficientes de coleta e reciclagem, evitando que resíduos cheguem a rios, oceano e ao corpo humano.
Com isso, ecossistemas e comunidades costeiras sofreriam menos impactos da poluição, a saúde humana seria protegida ao reduzir a ingestão de microplásticos e produtos químicos nocivos, e a economia poderia se beneficiar de modelos de produção mais circulares, incentivando inovação, criação de empregos e redução de desperdício de recursos naturais.