A COP29 em Baku, capital do Azerbaijão, levanta questões importantes sobre a efetividade e a coerência das discussões globais em torno das mudanças climáticas. Qual seria a explicação para justificar a escolha de cidade que ainda depende da exploração de petróleo como palco para a cúpula do clima?
A conferência ilustra um dilema preocupante, que infelizmente chega beirar ao greenwashing: como discutir soluções sustentáveis em um país banhado por combustíveis fósseis? Para quem não sabe, a cidade possui inúmeras reservas de petróleo, e consequentemente lucra com o detrimento da saúde ambiental
Esse fato, além de perpetua a exploração de recursos não renováveis, também contribui significativamente para a emissão de gases do efeito estufa. Com isso, a escolha dessa cidade como sede da COP29 deveria servir de reflexão como uma falhas sistêmicas da própria conferência.
E a hipocrisia do jatinho?
O fenômeno dos líderes mundiais e representantes que viajam de jatinho para participar da conferência representa uma hipocrisia ainda mais grave. Em um momento em que a mensagem central das cúpulas climáticas é a redução das emissões de carbono e a promoção de práticas sustentáveis, o uso de aeronaves particulares por aqueles que mais têm influência nas decisões globais contradiz as premissas fundamentais dessas discussões.
Essa situação só evidencia ainda mais a elitização das conversas sobre as mudanças climáticas. Claramente a urgência do problema é ignorada em favor do conforto e da conveniência. A reunião em Baku, torna-se um espaço difícil de promover mudanças significativas e construtivas.
A sequência de detalhes incoerentes, acabam reforçando a ideia de que a política climática é uma questão para poucos, com soluções que não se aplicam à realidade da maioria. A luta contra as mudanças climáticas exige não apenas compromissos verbais, mas ações concretas e a disposição de enfrentar os interesses estabelecidos que perpetuam a crise.
Dessa forma, a COP29 é um chamado à reflexão sobre como estamos abordando a questão climática. Se realmente desejamos um futuro sustentável, é fundamental que os encontros e diálogos que visam resolver essa crise sejam realizados em contextos que reflitam um comprometimento genuíno com a mudança, sem a hipocrisia de práticas que contrariam a urgência da situação.
O desafio de salvar nosso planeta não se limita ao que é discutido em conferências, mas requer uma transformação profunda em nossas economias, estilos de vida e especialmente, nas prioridades que escolhemos adotar enquanto sociedade global.