Caros veganos radicais
Dedico essa carta a todos aqueles que adoram repetir a seguinte frase: ”Não existe ambientalista que ainda coma carne”
Será? Definitivamente não gosto dessa frase! Talvez, por não entender exatamente o que ela quer dizer. Talvez, por achar que ela seja extremamente agressiva. Mas o ponto principal é: qual mensagem vocês, veganos radicais, querem transmitir ao mundo com essa frase?
Aproveito para relembrar que, de acordo com dados do Relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo, publicado em julho de 2023, mais de 70,3 milhões de pessoas, enfrentam algum grau de insegurança alimentar, no Brasil, caracterizada como moderada ou severa. Então, dentro desse cenário, não seria mais fácil ajudar a resolver o problema da insegurança alimentar da população, compartilhando uma nova maneira de se alimentar, ao invés de simplesmente empurrar goela abaixo uma verdade absoluta, que para muitos é praticamente impossível de ser seguida à risca?
Quero lembrar também que conforme orientação da Organização Mundial da Saúde, para evitar problemas cardiovasculares e o câncer, o mais indicado é consumir proteína animal apenas três vezes na semana. Já, o movimento Segunda Sem Carne, indica o não consumo de proteína animal uma vez na semana. Portanto, se uma pessoa conseguir cumprir as duas orientações, já são quatro dias sem proteína animal durante a semana. Correto?
E dados do movimento Segunda Sem Carne, comprovam que ficar apenas um dia sem comer proteína animal pode gerar impactos significativos como:
Quando comecei estudar sobre sustentabilidade e proteção do meio ambiente, entendi que essa é uma batalha que devemos lutar juntos. Tudo está interligado e não existe uma solução única. Nem mesmo o vaganismo. Sinto informar, queridos veganos radicais.
Então, fica aqui a minha dúvida: o mundo precisa apenas de pessoas veganas ”perfeitas” ou precisa de várias pessoas fazendo o melhor que podem para proteger o planeta? Digo isso, pois já vi influenciadores e personalidades veganas fazendo publicidade para grandes marcas que lucram o trabalho escravo na Ásia. Já vi veganos radicais voando de jatinho. E também já vi veganos radicais sem nenhuma consciência ambiental quando o assunto é consumo consciente e descarte correto de plástico de uso único.
Logo, faz mesmo sentido se um vegano radical e poluir o meio ambiente com plástico de uso único? Será que ao invés de impor o veganismo a todo custo, não seria melhor ajudar a criar politicas públicas que incentivem o veganismo nas escolas? Será que não seria melhor, apoiar ONGs que ajudem mães e pais de famílias a entenderem como consumir de maneira consciente? Será que não seria melhor cobrar dos governas estratégias mais assertivas para reduzir o índice de insegurança alimentar da população? Como é que podemos exigir uma coisa tão complexa como um mundo vegano, sendo que não conseguimos fazer nem o básico ainda?
Alimentação plant-based não seria o melhor caminho?
Entendo que o veganismo vai muito além da alimentação. É uma filosofia de vida. Entretanto, veganos radicais também precisam entender que o mundo não é singular. Existe uma pluralidade de culturas, costumes, e muitas outras filosofias milenares por aí. Uma pessoa pode com certeza reduzir o consumo de proteína animal, não se considerar vegana e ainda assim contribuir com a preservação e proteção do planeta.
O mais importante disso tudo é cada uma fazer a sua parte, da maneira que conseguir. Seja a segunda sem carne, seja uma alimentação plant-based.
Mas o que não podemos mais fazer em pleno 2024, e excluir pessoas. Vocês não acham? Então, dentro dessa nossa realidade, não seria melhor darmos um passo de cada vez? Da seguinte forma: onívoros aprendem a reduzir o consumo de proteína animal e os veganos aprendem a reduzir o descarte de plástico de uso único. O que acham? Esse não parece um caminho mais coerente rumo ao futuro mais sustentável para todos?
O texto está com um problema de formatação, não dá pra ler o que está no meio do texto.